Na obra “Jequitibá”, o artista Daniel Mustafa apresenta uma figura masculina negra com proporções monumentais e simbólicas. Seu corpo, robusto e firme como um jequitibá — uma das árvores mais imponentes e antigas da flora brasileira, símbolo de resistência, sabedoria e longevidade — torna-se metáfora visual de força ancestral.

O destaque visual está nos cabelos, representados como uma vasta copa de folhas verdes, exaltando a beleza herdada dos ancestrais. Essa personificação do jequitibá revela a profundidade espiritual e cultural dos povos negros, que se afirmam em meio a uma narrativa histórica marcada pela escravidão e pelo racismo.

Nos braços da figura repousam três aves brancas, protegidas em seu colo. A cena evoca um gesto de cuidado, abrigo e generosidade. Em um plano simbólico, a relação entre a figura negra e as aves brancas convida à reflexão sobre as dinâmicas entre negritude e branquitude ao longo do tempo — relações atravessadas por desigualdade, mas também por resistência, acolhimento e esperança.

“Jequitibá” é uma homenagem visual à ancestralidade negra, um convite à valorização de identidades historicamente marginalizadas, e uma representação poética da força que floresce mesmo sob as sombras da opressão.

Jequtibá (2025)

Modalidade: Pintura
Técnica: Acrílico sobre tela
Medida: 70 x 70 cm